domingo, 10 de outubro de 2010



17/04/2008

Faça de conta que eu estou aí.
Mas a verdade é que eu estou
correndo em suas veias...

Você me lembra alguém que eu nunca mais verei
e é alguém que eu vejo em toda parte.

Amo-te
Como não amo a ninguém mais
Como só amo a mim mesma

Eu não espero nada,
eu só vivo...
na curva ligeira do seu olhar.
No horizonte aberto em seu sorriso.



Escrito por TSUKI às 11h15
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19/02/2008

Estou tão nova,

E já me sinto velha.

Tive que dizer adeus a tanta coisa

Lamentavelmente

Também aos sonhos.

Não quero sonhar,

quero viver.

Sonhar, eu já sonhei

Por vinte e sete anos,

sete meses

e oito dias.



Escrito por TSUKI às 08h03
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07/08/2007

PRÍNCIPE DOS MOUROS


Jamais pisaste em solo santo,


jamais!

E nem na sombra perpétua de meus ais.

A tua figura

é o contorno secular do meu desejo

E chegas

como se não fosses partir mais

(mas isso não é, no Passado, o que vejo)

Ficarás, como o Vento,

cruzando os ares da vida.

E ela, que era eterna, mente.

E eu, que era da Morte,

sinto-me viva,

finalmente.

E julgo-me tua,

tão somente.

Como, desde sempre,

eu já seria.



Escrito por TSUKI às 10h09
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14/06/2007

LÍRIO

Gato sobre duas patas
avançando pelo mar adentro.

Avançai-me sobre tuas ondas,

minhas sombras, que eu não contenho.

Te amo, te amo, te amo.

A curva do vento m'atrai

suicida e ponta de faca.

E logo, em teus olhos,

o desejo me desmorona

prisão entre o não e o destino.

Boca aberta da vontade

engolindo sem trégua o juízo.



Escrito por TSUKI às 07h49
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11/05/2007

BALTASSAR

Impresso na casca

e inteiramente nua.

A luz que enche meus olhos

se derrama em meu colo

para depois descer

e encher-me as mãos

de alianças brilhantes.

Somente eu enxergo,

e não o mundo inteiro,

o espelho recobrindo o meu rosto.

Suave, rês ao seu destino

caminhando de cabeça para baixo.

Água vidrilha acima de meus pés

O som do mar sobre a montanha

A curva amada de teu queixo

E os beijos...

é triste e só o deus que os guarda.



Escrito por TSUKI às 07h17
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03/05/2007

JASMIM

A árvore, aos pés da qual

eu enterro meus sonhos,

floresce desejos,

todos insatisfeitos.

Deles, frutos secos de saudade

que servem para alimentar-me as

mágoas.

A velha bruxa

de olhar cinzento

recolhe tudo

e planta as sementes.

Nascerão ramas de

uma nova árvore.

Dela sairão outros frutos

sendo estes amargos.

E a minha boca,

enfim,

provará o futuro.



Escrito por TSUKI às 13h29
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A DAMA RASTEJANTE

Eu sou um parque inacabado

com grama crescendo a esmo

e musgo brotando no escuro.

À sombra de promessas desfeitas,

folhas secando nos galhos.

luzes, nos postes, acesas.

Eu canto pra que o rio morra.

Pra que as coisas abracem o caos.

Pra que o amanhã nunca surja.

Canto pra que a tristeza abandone meu peito.

Pra que as lembranças se unam em fuga.

Eu canto pro meu mês de outubro.

E, quando, enfim,

a raiz estiver seca,

que caiam as flores do jasmim

e a minha voz, então, floresça.



Escrito por TSUKI às 13h16
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18/04/2007

CARTA DE SUICÍDIO

Não quero ser uma pedra, parada no meio da estrada, esperando ser chutada por alguem e, assim, poder avançar no caminho.
Eu quero ser pássaro.
levantar suavemente os pés do solo, arquear as asas, sentir o vento passar por baixo delas, e voar até o infinito.
E que o infinito seja longe, para que mais e mais se prolongue o vôo. E que, do alto, não se veja a Terra. Dela não reste sequer lembrança.
Eu sou do céu, como a lua é da noite. Abraço o vento como a um amigo. Ele é minha vida e minha casa, meu corpo e minha alma.

Do alto não se veja a Terra.
Não se veja a mim.
Assim não me vejo:
Pedra.



Escrito por TSUKI às 08h15
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Eu me proíbo.

De novamente iluminar meus dias com uma luz fugaz.

De abrir as pétalas dos botões de rosa por que tenho pressa.

De insistir no que não tem conserto.

De olhar nos olhos de um gato morto.

De me sentar e esperar um nada.

Eu me proíbo de pedir perdão.

De assumir a culpa pelo que não quebrei.


De engolir a raiva e vomitar sorrisos.

Eu me proíbo.

Mas não me obedeço.

Não respeito os ciclos.

E pra quê?

Se é bem melhor viver sem regras

mesmo sabendo que o que me espera

é o sofrimento.

Mas pra quê?

Meu pior medo era o de enlouquecer.

Aí me entreguei à loucura.

Ela hoje dança todas as manhãs comigo.

Hoje eu tenho medo da velha solitária numa casa cheia de gatos em que, inevitavelmente, irei me tornar.

E por que, se adoro gatos?

E adoro o barulho que o silêncio faz.



Escrito por TSUKI às 08h13
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As traças do tempo

corroeram a saudade.

O que eu sentia, já não lembro:

não há mais por que me mate.


E até o teu rosto,tão frio,

de olhos tristes e duros,

da memória eu mesma desvio.

O escondo onde é seguro.



Escrito por TSUKI às 08h12
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RELATIVO ABSOLUTO

Tempo
que nâo explica nada
que simplesmente passa
vai me levando o dia

Tempo
que traz a dor e a cura
aumenta a amargura
dá fim a alegria

Tempo
que engana o coraçâo
dando-me a sensaçâo
de ter sabedoria

Tempo
que sem minha permisâo
transforma-se em canção
que conta a minha vida



Escrito por TSUKI às 08h12
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ter um rei na barriga me torna uma rainha mãe?


Escrito por TSUKI às 08h10
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Durante muito tempo estive dormindo,
sob o jugo e vontade imperatriz do vazio.
Agora trago nos olhos e no rosto a paz da qual não testemunho.
Por fora,frieza impertubável,muralha às emoções.
Por dentro,turbilhão oco,o nada ácido corroendo a psiquê.
Só que,agora,por obra e efeito do destino,o nada se expande
pelos meus poros.ameaça destruir-me a máscara.
Sinto-me despertar.



Escrito por TSUKI às 08h09
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FÊNIX CADÁVER


De tudo o que se passou na minha vida, algumas coisas deixaram manchas.
Marcas de cinza no colorido do dia.
De tudo o que se passou na minha vida, só você apagou por completo a cor, deixando tudo cinza.
Deixando tudo cinzas.
Cinza, onde estou, de onde um dia talvez renasça.
Ou talvez não.
Talvez deva permanecer no fundo da terra, pó assentado, convertendo-me em adubo da minha mágoa.
Aumentando a dor que me matou e que me força a remorrer.
Pois tudo é cinzento e sem vida.e não há brasas embaixo das cinzas. Soprá-las é ato vão.
Soprá-las é espalhar o rastro cinzento do meu passado no presente.
E melhor presente morto que cheio do pó dos dias perdidos.
E também...
Minha alma há muito cansou de soprar.

A minha dor agora é morta.
É cascalho pousado no fundo da alma.
Não dói,só incomoda.
Eu transformei a dor em ódio.
E a mágoa no meu caminho.
Ninguém me acompanha.
Sigo sozinho.
Sou a fronteira do meu próprio caminho.